quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Um ano rápido mas com boas novas

Olá, voltei. Há exatamente um ano e um dia, postei aqui um desabafo. Postei também minhas perspectivas e metas para 2011. Muito bem... mais um ano se foi (muito mais rápido do que gostaria, confesso) e muitas coisas foram feitas, muito mais deixaram de ser (por falta de tempo, dinheiro ou vontade mesmo) e estou aqui novamente para fazer um balanço deste ano que passou.
Para começar, a apunhalada que levei pelas costas em dezembro de 2010 e todas as suas consequências que fizeram com que eu ficasse "puto" ano passado (vide post "E mais um ano se foi...") acabaram surtindo efeitos benéficos. Vejo hoje que estava acomodado em minha zona de conforto e as mudanças que ocorreram abriram novas oportunidades. Novos conhecimentos, novas amizades. 'Obrigado sua traíra, continuarei conversando contigo somente o necessário por uma questão de educação, mas não lhe perdoo a traição'.
2011 foi o ano do Marco Zero. O planejamento foi legal mas não saiu como planejado, entretanto, de certa forma houve diversas mudanças. A dieta funcionou... foram quinze quilos eliminados ao longo de quatro meses. Este mês estou me contentando em manter o peso atual (o que não é nada fácil com tantas confraternizações e happy hours). Em 2012 pretendo continuar, mas desta vez, aliando um pouco de atividade física (quem sabe menos dez quilos?). Incluídos nas mudanças: voltei a praticar violão e a fazer aulas (o que me ajuda a combater o estresse do dia a dia), mudei drasticamente meu visual (o que melhorou minha auto estima pois tive um feedback muito positivo da família, de amigos e clientes), entre outras pequenas coisas.
Algo que mudou também e só hoje pude perceber... antes dos exames, da dieta, eu "andava" (entre aspas pois  não andava literalmente) completamente sedentário. Pela manhã, ficava ao computador até na última hora, saía "correndo", pegava um ônibus até o centro, onde descia e pegava outro para o serviço. Depois de um tempo, com a reeducação alimentar a qual me submeti, passei a sentir maior disposição e comecei a sair um pouco mais cedo de casa e ir à pé ao centro, fazendo assim, uma pequena caminhada de uns trinta a quarenta minutos todos os dias. Hoje precisei ir de ônibus e pude perceber o quão depressivo isto é. Começou logo no ponto, com um senhor reclamando do atraso dos ônibus (nota: o ônibus não estava atrasado). Disse a ele que se chegamos mais cedo ao ponto, a demora é problema nosso e não deles e me afastei. Dentro do ônibus, pior! Todas as conversas que escutava eram reclamações. A vizinha, a saúde, a casa, o marido, e por aí vai... Percebi que sempre foi assim, mas como estava acostumado, não ligava, não me indignava, nada fazia.
Com a família também o ano foi promissor. Assistimos várias peças de teatro infantil, vários pequenos shows de rock, blues e outros estilos, viajamos, passeamos e estamos bem. Meus contatos com os amigos também melhoraram bastante. Reencontrei alguns que não via há bastante tempo e voltei a jogar RPG (Role Playing Game).
Acho que é isto. Como já disse no post anterior, disseram que eu escrevia melhor quando meu amigo Jack (o Daniel's) me fazia companhia, mas espero que este post tenha ficado bom. A proposta era falar de 2011 e ele, pra mim, foi bom. Para 2012 espero melhorar o que fiz certo, corrigir o que fiz errado, fazer o que não fiz e seria bom ter feito, ler o que não li e seria legal ter lido e acima de tudo, agradecer mais... agradecer pequenas coisas que fazem diferença, pequenos gestos que passam desapercebidos mas que nos fazem bem. A trilha sonora deste post foi "Uma Outra Estação" da Legião Urbana. "Se há, no álbum, momentos de doçura, também há outros de uma tristeza cortante. O mais impressionante é, sem dúvida, constatar que, na canção-título, a voz de Renato não passa de um fiapo, que a custo a bateria de Bonfá e a guitarra de Dado não abafam. A dupla, aliás, exibe neste disco alguns de seus melhores momentos em estúdio. A bateria vigorosa e grave e a guitarra de Dado fazem um contraponto de rara delicadeza."
Até o próximo post... abraços!

URBANA LEGIO OMNIA VINCIT

domingo, 20 de novembro de 2011

Divagações

Oi. Definitivamente não sou escritor. Não consigo escrever no blog todas as semanas. Poxa... não consigo escrever nem todos os meses, hehehe. Mas, estou aqui de novo. A vida não tem me revelado grandes surpresas, tudo caminha dentro da mesma rotina. Mesmo ritual todas as manhãs, trabalho, casa. Mas não me queixo. Antes uma rotina saudável que surpresas desagradáveis. E sempre que possível podemos fazer algo diferente.
Um bom exemplo de algo diferente: Cirque du Soleil. Setembro fui com a família assistir o espetáculo Varekai, em Sampa. Simplesmente magnífico. Já havia assistido Saltimbanco em 2006, mas Varekai superou minhas espectativas. Como se não bastasse, o mundo conspirou ao meu favor. Pegamos um táxi e o taxista dando uma de esperto passou pela entrada, acreditando que daríamos a volta em todo parque Villa Lobos. Errou. Pedi para estacionar na entrada do parque e andamos até o circo, do outro lado. Chegamos por trás das tendas e começamos a contornar o circo até a frente, quando começou a apertar a garoa que até então estava fininha. Quase chegando, avistamos uma fila e começamos a nos encaminhar a ela. A chuva apertou de vez e todos correram para a pequena entrada, causando a maior muvuca. Lógico que corremos também e nos embrenhamos na bagunça. A galerinha do circo mal conseguia pegar os ingressos. Pegavam, destacavam, devolviam. Outros vinham e colocavam credenciais em nossos pescoços. Credenciais??? É isso aí. Estávamos no Tapis Rouge, a área VIP do Cirque du Soleil. Uma tenda lindíssima, super acolhedoura, garçons servindo espumantes, whisky e refrigerantes, canapés dos mais variados e muitas iguarias. Um verdadeiro sonho. Ok, ok, às vezes a vida me revela alguma grande surpresa sim, hehehe.
Esta viagem serviu também para eu conhecer Moema. Eu que nunca gostei de Sampa, descobri um bairro em que moraria. Sem movimento nas ruas (exceto nas ruas principais, de comércio), muitas árvores, passarinhos cantando. Levantei cedo no domingo e fui passear pelas ruas. Aproveitei e parei em um mercadinho para comprar alguns ingredientes para fazer um nhoque para nossos anfitriões... e ficou bom.
O resto, tudo na mesma. Alguns percalços no trabalho, mas nada grave. Os percalços de sempre no casamento, mas quem não os tem. Se pararmos para analisar, vamos ver que a vida é boa. Realmente muito boa! Até breve.
Ah... lembrei de algo que quase me afastou do blog. Lembram que tive de parar de beber por seis meses (aqueles que leram os outros posts vão se lembrar, senão leiam), pois bem, me disseram que eu escrevia melhor quando bebia. É mole? Como diria José Simão, é mole mais sobe.

domingo, 4 de setembro de 2011

Espanando o pó do blog.

Coff, coff, coff... pqp, que poeira... até teias de aranha foram feitas neste blog. Também, não para menos, fazem quase quatro meses que não escrevo aqui. E vou ser sincero como sempre, pois o motivo é bem simples... preguiça. Deixar para depois o que se pode fazer agora, é não fazer nunca aquilo que você queria fazer. Sempre aparece algo mais importante, ou mais interessante ou qualquer merda mesmo. Foram várias as vezes em que eu tive vontade de escrever aqui. Várias ocasiões, vários acontecimentos, várias idéias (que com toda a certeza, eu não lembrarei para escrever hoje). Mas, algo precisa ser comentado... o projeto Marco Zero.
Estes quatro meses em que fiquei afastado daqui, foram bastante ruins para o projeto. Voltei a ficar muito tempo (do meu tempo livre, que não é tanto assim) jogando no Facebook (antigos vícios são difíceis de deixar). Não só um mas, agora, vários jogos. Zombie Lane, The Sims Social, Gardens of Time, Carmen Sandiego, Eredan iTCG,  e por aí segue. Desnecessário dizer que parei de fazer várias outra coisas como bater papo on line (o que continuo não fazendo sempre, mas agora por outros motivos), passar mais tempo com meu filho, cuidar mais da casa. Este, foi o ponto principal da derrocada do projeto, entretanto, algo ocorreu que o salvou. Um "puxão de orelha" do meu cardiologista.
Sintomas da vida desregrada: Colesterol alto (o ruim, pois o bom está baixo), Triglicérides alto, e o pior, TGP quase quatro vezes o valor de referência. Não sabe o que é TGP? Gordura no fígado. Sem falar que não consegui completar o exame de esteira e estava pesando pouco mais de 118 quilos. O puxão de orelha foi o de menos, o tapa na cara que estes resultados me deram é que doeu. Aquilo me fez ver que eu precisava mudar, e como uma coisa puxa a outra, retomei o Marco Zero.
Primeira e mais importante atitude: reeducação alimentar. Vários alimentos foram substituídos por versões mais saudáveis, cortei os doces, o refrigerante, e (snif, snif) o álcool. Tenho seis meses para reverter o quadro, e estou tendo resultados positivos, em um mês perdi trinta dias, hehehe brincadeira, perdi seis quilos. Outra atitude importante que tomei: apaguei praticamente todos os jogos do meu Face. Deixei apenas um (afinal de contas, investi dinheiro real neste). Voltei a ter aulas de violão e comprei um novo. Fiz algumas mudanças em casa, o que deixou meu filho bastante contente pois ele ganhou um quarto novo, maior e mais bonito. E ontem comecei minha nova tatuagem, que era outro dos meus projetos engavetados.
Ah... e fiz minha primeira viagem para fora do estado, que também foi minha primeira viagem de avião. Fui conhecer Salvador, BA, e visitar amigos que moram lá. Praias magníficas, amigos magníficos, viagem... magnífica.
Bem... é isto. Fazia muito tempo que eu não escrevia, e espero que este post não tenha ficado chato sem meu amigo Jack. A trilha sonora de hoje fica a cargo de Carolina Zingler, com seu mais recente álbum Butterfly. Dona de uma voz doce e ao mesmo tempo poderosa, ela apresenta um estilo bem aconchegante, uma mistura de Jazz e Bossa Nova, quase todo composto por músicas próprias e um projeto gráfico maravilhoso.
Eu fico por aqui, já estão todos dormindo então aproveitarei para assistir algum filme na TV... até breve.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Quebrando tabus e recebendo abraços

Voltei. Ainda é dia das mães, mas até terminar de escrever não será mais, portanto, espero que todas as mães que lerem este post tenham tido um dia maravilhoso e curtido demais seus filhos... parabéns! Vocês merecem!
O Projeto Marco Zero continua. Bem devagar, eu confesso, mas continua. Pelo menos voltei a bater papo no facebook (de vez em quando), a ficar mais com minha família (hoje até rolou sessão de cinema em casa... com pipoca e tudo), e algumas mudanças pessoais... nada muito significativo.
Quanto ao título, são dois assuntos diferentes: "quebrando tabus" e "recebendo abraços". Para começar. tabu pode ser considerado um assunto, ou comportamento, inaceitável (até mesmo proibido) em uma determinada sociedade, e eu comecei a pensar nesta dificuldade de se quebrar um tabu ao me pegar, em plena noite de sexta-feira santa, traçando um belo "bifão" à milanesa. Alguns de vocês podem vir a achar a coisa mais normal do mundo, mas a maioria sabe, assim como eu, que NÃO se come carne na sexta-feira santa. O que me deixou pensativo foi a força de algo enraizado, desde criança, em minha mente. Há tempos não me considero mais católico, e venho flertando com algumas doutrinas do agnosticismo, e ainda assim... sozinho em casa, vendo TV e jantando, de repente me pego com sentimentos de culpa por estar quebrando um tabu. Não sei dizer ao certo o que pensei naquele momento, nem sei dizer exatamente o que senti, mas por um momento me senti angustiado. Comecei naquele momento a pensar a respeito desta angustia e no que aquele simples ato representava para mim. Após algum tempo cheguei a uma conclusão: Liberdade. Ao comer aquele bife me libertei de amarras das quais eu nem mesmo acreditava. Tenho trinta e cinco anos e NUNCA havia comido carne (sem ser de peixe) numa sexta-feira santa. Não quero fazer disto uma bandeira. Nem incitar uma revolta contra os dogmas da igreja. Estou apenas refletindo com vocês sobre isto.
Já o segundo tema, "recebendo abraços", é mais "light" e até cômico. Venho recebendo um "feedback" bastante acolhedor de amigos que leem este blog. Para citar alguns, estava  no SESC Rio Preto curtindo um som ao vivo na lanchonete, quando um grande amigo chega, senta-se ao meu lado, e após cumprimentar eu e minha esposa, vira-se para mim e diz: "Poke... (de Pokeboy... apelido antigo, história longa) estava lendo seu blog estes dias... você tem meu telefone... quando estiver assim, me liga, a gente sai, toma uma cerveja e conversa...". Em outra ocasião, estava com alguns amigos conversando e bebendo quando um deles diz: "Você sabia que o Poke agora tem um blog? Me dá vontade de dar um abraço nele toda vez que eu leio". Hehehe... seria trágico se não fosse cômico!
É isso... continuem lendo, me abraçando ou não. Isto na verdade não importa... como disse no post anterior, em certas ocasiões vejo este blog como uma terapia, e não conheço nenhum terapeuta que abraça seus clientes ao final de cada sessão.
Abraços a todos...                    Fui!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Marco Zero

Putz... como é que se digita mesmo? Eu sei... faz bastante tempo que não escrevo nada. E olha que, por mais incrível que pareça, me cobraram... acredita? Pois é... várias pessoas (deve ter sido uns três colegas) me cobraram uma nova postagem. Confesso aqui que deixei de escrever este tempo todo, não por uma causa nobre, mas por motivo de força maior... o vício. Sim... o vício em jogos on line. Me viciei em alguns jogos a ponto de entrar no facebook em modo off line para não ser "incomodado" por meus amigos e a ponto de gastar dinheiro em créditos para "evoluir" nos jogos. Não. Não me orgulho disto e não, não estou brincando. O assunto é sério e é por este motivo que o título deste post é Marco Zero.
Hoje, após voltar do trabalho, aproveitei que minhas amigas (aquelas que me dão carona todos os dias) me deixaram em frente ao posto Tropical, em frente ao Plazza Avenida ($$$ merchandising $$$) e entrei para tomar um cappuccino. Enquanto me deliciava, aproveitei para ler algumas matérias da revista Psique Ciência & Vida. Uma em particular me chamou a atenção... "Metamorfose Ambulante". Escrita por Lilian Graziano, a coluna fala de como as pessoas mudam com o passar dos anos. Fisicamente e internamente. O foco principal desta matéria é sobre como "algumas pessoas fazem mais do que deixar que a vida as transforme" sobre como "elas almejam tornar-se a melhor versão de si mesmas".
Meu problema sempre foi a minha falta de força de vontade. Idealizo mil coisas... e simplesmente as engaveto. Se cada idéia, cada plano se materializa-se, eu precisaria de muitas gavetas para enchê-las. Espero não engavetar este. Marco Zero. Meu primeiro passo foi escrever de novo. E sem meu parceiro Jack Daniel's desta vez. O blog faz as vezes do terapeuta... me abro não com uma, mas com várias pessoas (tantas quantas o acessarem) e isto talvez me dê mais ânimo. Os próximos passos virão aos poucos e espero me tornar uma pessoa melhor... para mim, para minha família, para meus amigos.
Este blog foi terapêutico... por este motivo não teve trilha sonora. Entretanto, enquanto pensava em escrever, ouvia "Tá tudo mudando - Zé Ramalho canta Bob Dylan". Ótimo álbum com versões de algumas das principais obras de Dylan cantadas com o inconfundível estilo de Zé Ramalho... vale a pena conferir.
Um abraço a todos... e os vejo por aí!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Reflexões acerca do passado

Ok... eu sei que deveria ter escrito antes mas, não deu. Gostaria realmente de escrever com mais frequência. Assim como gostaria também que meu trampo não me consumisse tanto, minhas dívidas não chegassem tão rápido, e por aí vai... Meu amigo Jack Daniels, fiel parceiro nestes momentos de introspecção, fica ali no balcão, quietinho, engarrafado, olhando para mim com aquela liquidez âmbar, translúcida, melancólica...
Mas agora, sobre o tema deste post, eu lhe pergunto: Se você tivesse a oportunidade de mudar algo em seu passado... "consertar" algum erro cometido, ir a algum lugar que decidiu não ir e se arrependeu, abordar aquela garota do colégio que você nunca teve coragem por causa da timidez adolescente, dizer sim àquele namorado, naquela noite romântica, que nunca mais se repetiu... Você mudaria?
Nossa "pop culture" está abarrotada de exemplos, bons e ruins, acerca deste tema. Filmes como a trilogia "De volta para o futuro", "Efeito Borboleta", mostram as terríveis consequências de atos deste tipo. Mas sempre ouvimos alguém dizer que "se tivesse outra oportunidade faria diferente".
Fiquei refletindo a respeito, e acredito que não. Não mudaria nada. Pensei em várias coisas que gostaria que tivessem acontecido de outra forma, e fui além. O que aconteceu depois? Aconteceria da mesma forma se houvesse acontecido diferente o fato anterior? E cada coisa que veio depois? Como seria minha vida hoje? E se você fizer também este exercício de reflexão, com sinceridade e um pouco de imaginação, verá que sua vida seria hoje bem diferente do que é. Seus amigos provavelmente seriam outros, seu parceiro ou parceira, talvez fosse outro também, se você tem filhos, poderia não os ter ou vice-versa. Poderia ser mais rico e bem sucedido, mas também poderia nem estar vivo hoje. Poderia estar submetido a uma invalidez ou estar em um palco, tocando blues para centenas, ou quem sabe milhares, de pessoas.
A pergunta que deixo aberta no final deste texto é diferente, e complementar, à que fiz no início... Valeria a pena?

A trilha sonora de hoje ficou a cargo de Eric Clapton ao lado do grupo Derek and the Dominos, com quem Clapton gravou o genial Layla and Other Assorted Love Songs. Na virada dos anos 70, depois do final do Cream, Clapton entrou em duas roubadas que mudariam sua vida: apaixonou-se pela mulher do melhor amigo e afundou-se na heroína e no álcool. Alguns chegam a afirmar que, exatamente por estar passando por tanta dor, Clapton gravou alguns de seus melhores blues nesta fase, como "Nobody Knows When you're Down and Out" e "Key to the Highway", ambas do disco acima.

Fui...                          mas volto.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

E comecemos então...

Espero que todos tenham começado o ano bem... deixemos as mazelas do passado, no passado. O texto a seguir é de Fernando Rosa e foi publicado na revista Super Interessante Especial - A História do Rock Brasileiro. Ao invés de Era uma vez... a História do Nosso Rock começa assim...

"FOI TUDO CULPA DO CINEMA. Um filme sobre rebeldia, uma canção arrebatadora e aconteceu que uma respeitável cantora de samba-canção acabou envolvida com esse tal 'novo ritmo', o rock'n roll. E, ainda que aquilo fosse visto como mais um modismo para os salões de dança, o que ocorreu nos estúdios da Continental naquele mês de outubro de 1955 ressoa até hoje. Foram os primeiros e acanhados passos da música jovem brasileira.
'A surpresa, outro dia, no programa de César de Alencar (na Rádio Nacional), foi Nora Ney cantando em inglês uma melodia que estava sendo lançada num filme', dizia uma notinha da Revista do Rádio, em sua edição de novembro de 1955. A tal 'melodia' era 'Rock Around the Clock', gravada às pressas em disco de 78 rpm, no final de outubro, em cima da versão original de Bill Haley & His Comets, da trilha sonora do filme Sementes da Violência. O senso de oportunidade funcionou: lançada pela gravadora Continental, em uma semana a música já ocupava o primeiro lugar das paradas, reproduzindo o sucesso do filme de Richard Brooks. E assim nascia o primeiro rock gravado no Brasil, pela voz de Nora Ney, cantora de samba-canção de sucesso. Então com 33 anos, Nora cumpria o papel de preencher o espaço ainda não ocupado por artistas jovens, que só foram entrar em cena alguns anos depois. O insólito de Nora Ney interpretando 'Rock Around the Clock' se deveu, além de suas óbvias qualidades vocais, à sua familiaridade com a língua inglesa. Ou seja, o rock brasileiro nasceu por causa da boa dicção de uma cantora de fossa."
"Em 1955, canções eram disputadas como commodities valiosas. As outras gravadoras ficaram em polvorosa por causa do sucesso e, logo em dezembro, a pioneira gravadora Odeon (atual EMI) lançou uma versão em português do sucesso, de autoria de Júlio Nagib, que virou 'Ronda das Horas' e foi gravada por Heleninha Silveira. A Colúmbia (atual Sony Music) também apostou na música, produzindo outra versão, com o acordeonista Frontera, também lançada em dezembro. As duas gravações não tiveram repercussão porque a juventude queria mesmo era ouvir algo próximo do original que conhecera no cinema."
"O estouro de 'Rock Around the Clock' que detonou o surgimento do rock'n roll no Brasil aconteceu, como em todo mundo, por meio do filme Sementes da Violência. Retratando os conflitos de uma juventude que começava a buscar seu espaço na sociedade, o filme estreou em São Paulo e no Rio de Janeiro em outubro de 1955 - no calor da morte trájica do maior ídolo jovem da época, James Dean. A situação de 'descontrole' da juventude, que chegava a depredar cinemas ao som do rock, não agradou às autoridades. Em muitos casos, o filme chegou a ser proibido (...). O governador de São Paulo, Jânio Quadros ordenou ao secretário de Segurança que determinasse 'à polícia deter, sumariamente, colocando em carro de preso, os que promoverem cenas semelhantes; e, se forem menores, entregá-los ao honrado juiz'. como efeito, o juiz de menores, Aldo de Assis Dias, baixou uma portaria proibindo o filme para menores de 18 anos, argumentando (com uma irônica precisão) que 'o novo ritmo é excitante, frenético, alucinante e mesmo provocante, de estranha sensação e de trejeitos exageradamente imorais'."
"Passada a explosão inicial de 'Rock Around the Clock' na versão original e na cover de Nora Ney, Elvis já estava entronado como o 'Rei do Rock' em todo mundo (...). No Brasil, novas gravações marcavam os primeiros passos do rock. 'Rock and Roll em Copacabana', de autoria de Miguel Gustavo (compositor do célebre hino da Copa de 1970, 'Pra Frente Brasil'), é apontada como o primeiro rock originalmente composto em português. Lançada em 1957 pela RCA Victor, a música foi cantada por Cauby Peixoto, àquela altura o cantor mais popular do país. Cauby havia chegado recentemente dos Estados Unidos, onde flagrara in loco o furacão Elvis. A letra descreve a entrada do rock na cena carioca e no Brasil com uma incendiária levada rhythm'n blues. 'Revira o corpo, estica o braço, encolhe a perna e joga para o ar... Eu quero ver qual é o primeiro que essa dança vai alucinar... e continua a garotada na calçada a se desabafar', diz um trecho da letra."
Ainda em 1957, outro famoso cantor popular emplacou na primeira fase do rock brasileiro. Era Agostinho dos Santos, que gravou 'Até Logo, Jacaré', uma cover em português para 'See You Later, Alligator'. em maio do mesmo ano,Carlos Gonzaga gravou 'Meu Fingimento', versão de 'The Grat Pretender', dos Platters. Enquanto isso, um grupo de jovens cariocas se reunia no cruzamento das ruas Haddock Lobo e Matoso, em frente ao Cine Roxy, na Tijuca, para conversar sobre a nova onda. Eram Erasmo e Roberto Carlos, Tim Maia, Jorge Ben, e outros. Seriam ele, numa daquelas trajetórias fantásticas de que a história do rock é repleta, que dariam identidade ao gênero no Brasil. E tudo graças ao rastro explosivo deixado por 'Rock Around the Clock'."

A trilha sonora de hoje é composta por duas coletâneas:

'Estúpido Cupido' - Som Livre. A novela de Mário Prata, exibida entre 1966 e 1967, caiu como uma luva na onda de revival dos anos 50 e levou toda a primeira geração do rock brasileiro ao grande público. Até então eram só velharias, mas embaladas na excelente trama, gemas como 'Broto Legal' (Sérgio Murilo), 'Neurastênico' (Betinho), 'Bata Baby' (Wilson Miranda) ganharam ares de clássico. Os primeiros e definitivos clássicos do pop nacional.

'No tempo do Rock'N Roll - anos 50 e 60' - Revivendo. Uma coletânea caprichada, menos romântica e mais informativa que 'Estúpido Cupido', inclui as fundamentais gravações de Nora Ney (Rock Around the Clock) e Cauby Peixoto (Rock and Roll em Copacabana) além de pérolas como 'Rock do Mendigo' com Moacir Franco, 'Meu Fingimento' com Carlos Gonzaga e 'Biquíni de Bolinha Amarelinha tão Pequenininho' com Ronnie Cord.

Fui...